Como descobrir se faz sentido ter filhos com seu parceiro atual?

Ter filhos é uma das coisas mais maravilhosas da vida, mas é uma pena que muita gente não encare isso dessa forma. Acho que o erro (se eu posso dizer assim) está lá no início, quando tomamos a decisão de ser pai ou mãe. É algo extremamente importante, que muda radicalmente a vida de todos os envolvidos e que, muitas vezes, é decidido com uma simples conversa, sem pensar adequadamente sobre o impacto que essa nova vida terá sobre si ou sobre o impacto que você, mal preparado, terá sobre essa nova vida.

Mas então existe uma forma correta para a conversa do casal?

Bem, se há uma forma correta, não posso dizer, mas quero deixar aqui cinco pontos para reflexão. Primeiro para que você e a sua parceira ou seu parceiro façam individualmente. Depois, que possam discutir juntos, a fim de entender se as ideias convergem ou divergem. E naquilo que diverge, se há a possibilidade de convergir, porque se não convergir, por mais difícil que possa parecer, como ter filhos juntos? 

O que é ser pai ou ser mãe para você?
Está aqui uma pergunta que deve levar a uma reflexão profunda. Não é algo para responder de imediato. Reflitam alguns dias sobre isso. Essa questão, talvez, seja a essência que vai mostrar, de verdade, como você e o outro enxergam a paternidade e a maternidade. O quão próximos ou distantes você e o seu companheiro ou companheira estão em suas essências?

O que é cuidar para você?
Outra pergunta que talvez demande alguns dias para ser respondida, mas que é tão necessária em meio a diversos pais e mães sobrecarregados com os cuidados dos filhos porque o outro, simplesmente, acha que faz o suficiente com o pouco que faz. Aqui, mais que tudo, poderá ser um alinhamento de expectativas: até onde o outro irá e até onde eu precisarei ir? Como ficará a carga de cada um nesse processo? Estou confortável com isso?

Como será pra você se tiverem um filho neuroatípico, com algum transtorno, síndrome ou portador de alguma deficiência?
Isso muda algo para você? Ou como será pra você se seu filho não for tão bom naquilo que você sempre sonhou que ele seria? Como seriam as suas respostas às duas primeiras perguntas nessa situação específica?

Qual o tipo de pai ou mãe deseja ser na relação com os filhos?
Quer uma educação como a que recebeu ou completamente diferente do que viveu? A relação com os seus filhos será fruto do aprendizado que tiveram com os próprios pais ou pretendem se preparar melhor para os desafios que virão? E com esses desafios, com os conflitos, com as opiniões divergentes que os filhos provavelmente terão, como esperam lidar com tudo isso? 

O que vocês desejam para os seus filhos no futuro?
O que esperam deles no futuro? Quais as principais características e habilidades que desejam que eles desenvolvam? Como cada um de vocês pretende colaborar ou influenciar para isso? O quanto cada um de vocês pretende se dedicar para isso?

São apenas cinco perguntinhas, mas que podem gerar dias de reflexão e discussão. O mais importante é não ter pressa, porque quanto mais alinhados estiverem, mais os seus filhos serão beneficiados e vocês também.

É claro que toda essa conversa não é garantia de nada. Pode acontecer de dar tudo certo, de todo esse alinhamento contribuir até mesmo para aquilo sobre o qual vocês não pensaram, mas pode acontecer também que um dos lados não esteja sendo tão sincero ou apenas não ter se dedicado tanto para esse momento, talvez por pensar que tudo será mais fácil do que realmente é.  Ainda assim, acredito que essa conversa é extremamente necessária. 

Sabe por quê? Porque pode ser que você descubra que os conceitos e os desejos do seu parceiro ou parceira estão muito distantes dos seus e sem possibilidade de convergir e que, talvez, não é a pessoa certa para construir uma família. Pareço duro? Talvez sim, mas ter filhos é algo que muda tudo. Por que tê-los com alguém que já se mostra totalmente divergente daquilo que você deseja?

Essa conversa talvez proporcione um alinhamento de expectativas. Se tudo acontecer próximo do que se planejou, já sei até onde o outro está disposto a ir e até onde irei. Poderá evitar frustrações, descontentamentos ou conflitos? Não, mas se souber antes, no mínimo será mais fácil lidar com tudo.

Agora, se tudo ocorrer de forma diferente, se todos os compromissos feitos pelo outro genitor não se mostraram verdadeiros, estará aí uma nova oportunidade de reflexão e, muito provavelmente, de novas conversas. “O que houve?” “Por que se comprometeu de uma forma e agora faz completamente diferente?” “É possível ajustar a rota?” “Quais os caminhos possíveis a partir de tudo isso?” Essas novas reflexões poderão ajudá-lo(a) a entender e lidar melhor com esse contexto inesperado mas, mais do que tudo, lembre-se que, se o outro não está fazendo o seu papel, a responsabilidade é do outro e não sua. Muito menos, dos seus filhos.

Talvez esse texto tenha contribuído por aumentar os seus medos, mas o objetivo não é esse, mas sim ajudar você a promover uma conversa sincera com o seu parceiro ou parceira e descobrir se os sonhos de família caminham no mesmo sentido ou para lados opostos. E esse precisa ser o ponto de partida na decisão sobre ter filhos ou não ter filhos ou, quem sabe, na decisão de recomeçar, talvez antes mesmo de tê-los.

Que você e seu companheiro ou companheira tenham ótimas conversas!

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