Sobre criar meninos fortes

Vivemos em uma sociedade onde o homem precisa ser forte, não pode ter frescura, e as meninas precisam ser doces. 

Mostrar sentimento? Isso não é coisa de homem, mas as meninas, sim, têm todo o direito de demonstrarem o que sentem. 

Chorar? Que vergonha! Todos estão vendo o quanto você é fraco!

O resultado disso tudo? Homens que fingem ser fortes, escondendo aquilo que sentem. Sim, os homens sentem, embora sejamos treinados a acreditar que isso é uma grande fraqueza. 

As consequências? Essas, infelizmente, podem extrapolar o indivíduo. Porque mais do que tudo, além de ficar provando pra tudo e pra todos que é forte, precisa também provar que é mais forte que o outro, que não se submete a ele, que não leva desaforo pra casa. 

Não está claro? Vamos então aos exemplos…

  • Junho de 2024. Um aposentado, de 77 anos, estava caminhando de mãos dadas com o neto, de 11 anos. Ao atravessar a rua, um veículo avançou sobre eles. O aposentado então, se apoiou e deu um tapa no capô do carro, provavelmente por não ficar contente com aquilo ou até mesmo pelo susto. Ao concluírem a travessia, o condutor saiu do veículo, foi em direção ao aposentado e o neto e deu uma voadora no idoso, pelas costas, que caiu desacordado. Posteriormente, veio a óbito. À delegada, o agressor disse que “teve um ódio que subiu nas pernas, enfim, foi subindo, que ele ficou com tanta instabilidade que ele abriu a porta do carro, correu na frente dos carros, pulou um canteiro e fez isso [o golpe]”. 
  • Março de 2025. Um veículo é ultrapassado, não aceita a ultrapassagem e volta a ficar à frente do outro. O outro, por sua vez, ultrapassa novamente e essa situação persiste por cerca de 4,5 quilômetros, inclusive com choques laterais, até que um deles, em alta velocidade, atinge um poste e vem a óbito.

Homens fortes, viris. Estariam seus pais orgulhosos disso? Será que esses homens, com tanta vontade, ou necessidade, de demonstrar superioridade, que eram mais fortes, agiriam de forma diferente se tivessem espaço, desde a infância, de falar sobre o que sentiam, de conversar sobre as suas emoções e sobre como lidar melhor com elas? A grande verdade é que nunca saberemos, mas o que sabemos é que, em meio aos diversos casos como os acima, temos, claramente, uma insegurança, uma constante necessidadede de mostrar que sou melhor, mostrar que sou mais forte. E, se eu preciso provar algo para os outros o tempo todo, é porque algo dentro de mim não está legal ou bem resolvido.

Falar sobre os sentimentos, sobre as emoções, ensinar a lidar com elas, estar ao lado, acolher, dar importância ao que sente, é fazer a criança se tornar um adulto seguro, seja homem, seja mulher. E adultos seguros, mais do que tudo, não precisam provar nada pra ninguém. E isso me faz crer que essa forma de educar é um excelente começo para evitar que situações tão tristes, como as relatadas acima, aconteçam.

Meninos têm sentimentos e isso não deve ser ignorado. Que o seu filho também seja acolhido, também tenha espaço para falar do que sente, que também tenha espaço para chorar, sempre que sentir necessário. Sem julgamentos, sem menosprezo, sem vergonha. 

E que todos nós possamos quebrar esse ciclo, que nada contribui nem para a felicidade do indivíduo, nem para o bom convívio em sociedade.

Que você possa ter boas conversas com o seu filho sobre os seus sentimentos e sobre os sentimentos dele.

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